quarta-feira, 23 de junho de 2010

GRUPOS DE BASE

O GRUPO DE BASE

Grupos de base são grupos que se criam relacionamentos de irmãos, confrontando a vida com o Evangelho e formando lideranças jovens para o engajamento na comunidade eclesial e na sociedade. O modelo dos grupos de base é o grupo de Jesus: os Doze. Um grupo pequeno, no qual se pode partilhar a vida e cultivar a amizade.
O grupo é a célula da PJ. Ele é a experiência central da proposta pedagógica e evangelizadora da PJ. Toda organização existe em função dos grupos de jovens, mas isso não significa que ela se reduza a sua simples união. A missão da PJ é bem mais ampla. Ela não tem por objetivo atingir apenas os(as) jovens que freqüentam os grupos.


ETAPAS DO GRUPO

1) NUCLEAÇÃO
Na nucleação, a pedagogia diz-nos que o ideal é formar grupos pequenos para que as pessoas se conheçam melhor e se tornem instrumento privilegiado de evangelização. É na nucleação que o (a) jovem vai compreender como é importante e bom conviver em grupo. É importante investir muito na integração.
Os grupos normalmente formam-se por meio do convite pessoal, pelo testemunho de outros (as) jovens já engajados, após encontros de jovens, nos festivais e eventos artísticos, depois da conclusão do Crisma, nos eventos litúrgicos mais fortes (como a Páscoa), entre tantas oportunidades.
Nessa primeira etapa, as relações pessoais são mais importantes do que a doutrina. Trata-se de uma fase em que o(a) jovem ainda não despertou para a idéia de ser fermento em seu meio. Por isso, é preciso deixar bem claro: o grupo ainda não existe só porque o pessoal está indo aos encontros. Serão necessários alguns meses de reuniões ou encontros para o grupo ser grupo de verdade! Esse tempo de "gestação" poder durar três meses ou mais.
Os (as) jovens vão se conhecendo, se integrando e descobrindo nas reuniões o que é ser grupo, sua importância, os valores de um trabalho em equipe, como organizá-lo, como atuar nele, qual será seu programa e objetivo.
Essa etapa chama-se "descoberta do grupo", porque este ainda não é grupo, não é comunidade. É necessário esquentar o motor antes de dar a partida.
Alguns temas que podem ser tratados aqui devem falar dessa fase que o grupo vive, como a amizade, a boa comunicação. O possível resultado será o sentimento de união entre eles: "todos são bons e devemos fazer o possível para não surgirem conflitos".

2) INICIAÇÃO
Estamos entrando no período da iniciação. É fundamental que se tenha em mente que a evangelização do(a) jovem é feita mediante um processo educativo não formal. O encontro de jovens não é aula de religião e doutrina. Transmitir a mensagem por meio da arte, da brincadeira, da música, da dinâmica, da cultura, da expressão corporal, é recuperar o sentido lúdico da evangelização juvenil.
Em muitos lugares, a PJ não consegue firmar-se por causa da atitude centralista de alguns membros da Igreja. Alguns líderes das comunidades têm dificuldade de entender o processo de amadurecimento da fé e do compromisso do(a) jovem. Sabemos que a juventude vive um período da vida voltado à aventura da liberdade, da espontaneidade, da flexibilidade e que, nessa etapa, seu sentimento diante das instituições é de rebeldia. Assumir o compromisso é um processo lento e gradual.
Ainda não é hora de grandes atividades ou projetos. É momento de formação. O(a) jovem descobre o grupo, sua comunidade, vê o problema social, percebe que não está sozinho(a) nessa caminhada (são mais de 30 mil grupos de jovens no Brasil, segundo informa o Marco Referencial da PJ do Brasil), e que essa empreitada possui uma organização. Descobre, também, que os problemas têm uma raiz estrutural. É a fase dos conflitos, na qual as limitações começam a aparecer. A questão não é a limitação, mas como ela é encarada. Superando-se essas dificuldades, o grupo torna-se mais unido. Avaliações da caminhada ajudam a vencer estas barreiras.
No campo afetivo, começam a surgir os subgrupos a partir das relações interpessoais. Esse momento caracteriza-se pela ansiedade e pelos questionamentos. Por um lado, sente-0se o desenvolvimento e o avanço do grupo e, por outro, a preparação para saltos de independência.


3) MILITÂNCIA
O processo de militância é a etapa em que o jovem desperta para o compromisso sério. É momento de conversão. Possui três critérios:

Fé amadurecida: a fé sem obras é morta (cf. Tg 2,26). A fé em Jesus Cristo é mais forte que o seguimento de qualquer ideologia. É por meio dessa fé que o(a) jovem vai perseverar.

Compromisso: pode-se contar com o(a) jovem, ele(a) não está brincando de fazer PJ.

Dimensão libertadora e transformadora: é líder, não se deixa manipular, tem consciência crítica.

Um grupo militante não precisa encontrar-se com a mesma freqüência que o período da iniciação, pode ser toda semana ou cada 15 dias. Mas é importante que se reúnam, troquem experiências, dores e alegrias. Assim, não perdem o vínculo com a comunidade e nasce outra forma se ser grupo. Este morre como "grupo", mas renasce como "grupos", à medida que alguns militantes investem na formação de outros jovens. Deve-se valorizar as militâncias grupais, pois elas fazem parte do processo de formação da PJ.
Os espaços de atuação estão em dois focos: o espaço pastoral e os organismos intermediários. Muitos militantes, ao saírem dos grupos, continuam a trabalhar na comunidade, na sociedade e na PJ como assessores. Verifica-se o engajamento nos movimentos sociais, nos partidos, nos sindicatos, nas uniões de moradores, no movimento estudantil, nos conselhos tutelares, na pastoral da terra, na catequese, na pastoral vocacional. Muitos optam pela vida religiosa.
Alguns jovens até conseguem desenvolver a militância nos dois espaços (no pastoral e nos organismos intermediários). Isso é importante. Quem atua nos movimentos sociais deve estar presente na comunidade para alimentar e celebrar sua fé. Seu testemunho anima quem está somente com a militância pastoral. Estes devem, pelo menos, ter um testemunho de compromisso social.
A militância se dá em três locais: na comunidade, na PJ e nos meios específicos. Chegamos ao ponto.
Normalmente, a atuação na comunidade e na PJ é o caminho mais natural. Muitos(as) jovens, porém, perceberam que a evangelização poderia ficar restrita, que talvez não fosse missionária. Então dirigiram-se para onde o jovem estava: na escola, na fábrica, no campo, na periferia. A idéia, como vemos, não é nova. Ela nos lembra os momentos da JAC, JEC, JIC, JOC, JUC, que foram bons caminhos.

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